sábado, 1 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Que Tiro

Atiradores de Elite

Tocaias

O treinamento de tocaia é o componente da escola de atiradores de elite que aguça a aproximação sorrateira do franco-atirador. Os atiradores de elite têm que aprender a se mover vagarosa, paciente e metodicamente. Se necessário, os atiradores ficam deitados por dias na mesma posição para observar um objetivo ou evitar serem descobertos. O Atirador descreve o complicado processo:


"Quando você está rastejando, você fica espantado ao ver coisas no chão que quando não caminha não vê. Quando você está tentando se aproximar sorrateiramente de alguém, até um formigueiro parece uma montanha. Você escolheu suas posições - o próximo lugar até onde você vai rastejar. Você se pergunta se aquilo vai esconder você quando chegar lá, e como vai chegar lá".

Para desenvolver essa habilidade os atiradores têm que passar por talvez um dos mais desafiadores jogos de treinamento - a tocaia.

O treinamento de tocaia é feito numa área coberta de mato. Os alunos começam em uma das beiradas do capinzal. A mil metros de distância, dois instrutores se posicionam em cima de um caminhão ou torre com visores de observadores. Os alunos devem rastejar na direção dos instrutores sem serem vistos. Para aumentar o desafio, os instrutores têm dois soldados no campo chamados andadores. Os instrutores usam rádios para se comunicarem com os andadores e tentar achar o atirador.
Os alunos têm que rastejar de uma distância de 1000 metros até menos de 150 metros dos instrutores, todo o tempo evitando serem descobertos pelos instrutores e pelos andadores. Uma vez posicionados, eles atiram (com munição de festim). Eles devem dar esse tiro com cuidado porque se aparecer o clarão do disparo ou levantar detritos, eles podem então ser facilmente localizados. Após o primeiro tiro, os atiradores devem rastejar até uma segunda posição e fazer um segundo disparo. Para verificar se os atiradores estavam realmente visando os instrutores, os atiradores devem ler o cartão ou contar os dedos que o instrutor está levantando. Treinamento de tocaia é um jogo de tudo ou nada. Se o atirador for localizado em algum lugar, ele perde o jogo. Muitos falham, e o aluno deixa o programa.
Naturalmente exercícios de treinamento são diferentes de ações reais. O Atirador explica desta maneira:

"Em situações reais é muito mais fácil chegar a um objetivo do que você pode imaginar. Quando treinávamos tocaias, os instrutores queriam que chegássemos a menos de 150 metros do objetivo. Em situações reais, você nunca chegaria tão perto de um objetivo. As situações reais são na verdade muito mais fáceis".

Em qualquer lugar, a qualquer hora, atiradores de elite são preparados para usar suas habilidades especializadas para se esgueirarem em situações perigosas e incapacitar uma força inimiga através de uma combinação de reconhecimento próximo e tiro mortal de longa distância. Quando perguntamos ao Atirador se havia alguma coisa que ele realmente gostaria de passar aos nossos leitores sobre atiradores de elite, sua resposta foi, "faça com que as pessoas fiquem sabendo que atiradores de elite não são assassinos, você sabe, garotos sempre pensam isso. Atiradores de elite não são assassinos que chegam sorrateiramente, matam um general e se afastam. Isso é o que os filmes sempre mostram. Pode acontecer, mas é muito raro".

Treino de observação

Já que a maior parte do tempo uma equipe de atiradores de elite passa em missões de reconhecimento observando o inimigo, suas habilidades para o reconhecimento têm que ser impecáveis. A Escola de Batedores Atiradores de Elite do CFNEU desenvolveu alguns "jogos" originais para deixar os alunos afiados na habilidade de olhar as coisas com olhos críticos. Esta seção detalha os jogos usados para ensinar técnicas avançadas de observação.

O Atirador descreve um exercício de treinamento chamado jogo KIMS:

"Eles colocam diferentes objetos sobre a mesa: uma bala, um clip de papel, uma tampinha de garrafa, uma caneta, um pedaço de papel com alguma coisa escrita - 10 a 20 itens. Você fica por ali perto e eles lhe dão, vamos dizer, um minuto para olhar tudo. Então você tem que voltar à sua mesa e descrever o que viu. Não lhe é permitido dizer 'clip de papel' ou 'bala', você tem que dizer assim, 'arame prateado, dobrado em duas formas ovais'. Eles querem que os rapazes da Inteligência decidam (sobre) o que você viu".

O jogo KIMS que o Atirador descreve é jogado repetidamente durante o curso de dois meses. Com o passar do tempo são distribuídos mais objetos e é dado menos tempo para os alunos olharem. Para aumentar o desafio, o tempo entre olhar os objetos e relatar o que viram fica maior no decorrer do curso. No final, eles podem ver 25 objetos de manhã, treinar o dia todo, e então à noite serem solicitados a descrever por escrito todas as coisas que viram.
Um outro jogo de observação acontece no campo com um visor de observador. De acordo com o Atirador:

"O que eles normalmente fariam é esconder coisas no campo, e você apenas se posiciona e tem um certo tempo para achá-las. Poderia ser a ponta de uma caneta pendurada no mato. Você teria simplesmente que olhar toda área naquele campo, você sabe, apontar seu visor para ele e simplesmente fixar o olhar por uns minutos, movê-lo e fixar o olhar no próximo local por uns minutos. Basicamente, após algum tempo, você fica realmente bom em localizar essas coisas com facilidade. Você apenas procura por coisas no campo que não combinam".

Técnicas de observação dos atiradores de elite estão ligadas à sua principal missão: reconhecimento. Tal prática intensa de observação reativa o cérebro da pessoa. O Atirador explica, "mesmo apenas dirigindo pela estrada eu vejo pequenas coisas estranhas nas laterais da estrada que muitas pessoas realmente não notariam".

Tiro ao alvo

A habilidade pela qual os atiradores de elite são mais conhecidos é sua pontaria. A habilidade para atingir alvos tão distantes quanto 91,44 metros não é algo que vem naturalmente. Atiradores de elite treinam para se tornarem atiradores especialistas com um conhecimento profundamente arraigado dos princípios da balística.
MOA (MDA) - o minuto de ângulo (em inglês) é a unidade de medida que os atiradores usam na escola para medir precisão. Quanto maior a distância do alvo, menor a precisão, já que forças naturais como a resistência do vento agem sobre a bala enquanto ela se desloca pelo ar. O MDA mede a precisão do tiro levando em consideração a distância de que foi disparado. A fórmula básica é 2,66cm para 91,44 metros, ou, para fins práticos, 2,9 cm para 100 metros. Para cada 100 metros que a bala percorre, você acrescenta 2.9 cm de variação.

As duas maiores variáveis que afetam a trajetória da bala são vento e gravidade. Quando calculam o alcance de um alvo, os atiradores devem levar em conta como o vento afeta o deslocamento naquela distância. Equipes de atiradores podem se utilizar de indicadores como fumaça ou folhas balançando para ajudá-las a ler o vento.

Apesar da alta potência do tiro de um rifle, ele ainda é afetado pela gravidade. Se você disparar um rifle de um atirador de elite paralelo ao solo no mesmo momento em que você deixa cair uma bala da altura do cano, a bala disparada e a que você deixou cair atingirão o solo ao mesmo tempo. Como uma bala se desloca através do ar, a gravidade a puxa para baixo. Quando mirando em um alvo, os atiradores devem freqüentemente compensar o tiro mirando "acima" do alvo.
A temperatura do ar também afeta uma bala. O ar frio é mais denso do que o ar quente e assim oferece mais resistência à bala. Por outro lado as balas cortam melhor o ar quente. Mas o Atirador explica que porque a umidade freqüentemente acompanha o ar, que também afetará a bala, essa é ainda uma outra variável a ser considerada. "E com vento, calor e umidade, se você considerar todos os fatores é impressionante você conseguir acertar alguma coisa".

Mesmo em condições ideais de tiro, os alvos podem estar em ângulos difíceis ou em movimento. Os atiradores de elite são ensinados a lidar com esses problemas.
Afinal de contas, quanto mais longe um atirador puder ficar do seu alvo e ainda assim for preciso, mais eficiente ele é e é menos provável que seja descoberto. Usando munição de 7,62mm, atiradores podem atirar quase que silenciosamente se dispararem de uma distância acima de 600 metros. Uma bala sai do cano do rifle mais rápido que a velocidade do som. O estampido que a bala faz é um pequeno estrondo sônico. Mesmo se um alvo não ouvir o tiro do rifle, ele ouvirá a bala passando. Mas a resistência criada pelo vento em uma bala de 7,62mm diminui seu deslocamento para velocidades subsônicas por volta de 600 metros. Assim, a distâncias acima de 600 metros, a bala não faz mais aquele estampido característico do disparo.

Atiradores de elite passam muito tempo na escola estudando os livros e na sala de aula aprendendo os princípios de balística, efeitos do vento, densidade do ar, e muitas outras variáveis que afetam a trajetória de uma bala. Mas no fim do dia isso pode ser explicado pelo que os atiradores chamam de "tiro ao alvo". A mais valiosa sala de aula de um atirador é o estande de tiro. Atiradores de elite não têm tempo no campo de pensar em teoria. Horas no estande ajudam os atiradores a "sentirem" como aplicar esses princípios.

Escola de Atiradores de Elite

Todo segmento das forças armadas utiliza atiradores de elite em alguma função. Os SEALs, CCT, e Comandos do exército têm elementos atiradores de elite em suas unidades. E embora todos tenham suas respectivas escolas de atiradores de elite, há uma escola que se destaca: a Escola de Batedores Atiradores de Elite do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.


A Escola de Batedores Atiradores de Elite do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos é amplamente considerada nas forças armadas como o melhor programa de treinamento de atiradores de elite. Os Fuzileiros Navais oferecem um excelente programa que treina candidatos a atirador de elite em todos os segmentos das forças armadas. Os poucos candidatos que são aceitos para freqüentar a escola representam alguns dos melhores que aquele segmento tem a oferecer. Menos ainda saem "Batedor Atirador de Elite Qualificado".
Quando selecionam um candidato, os comandantes não estão procurando por "bons atiradores" ou "matadores natos". Há muitos soldados que são hábeis com um rifle e têm o treino e habilidade para tirar a vida de um inimigo se necessário. Ser um atirador de elite exige uma enorme responsabilidade. O que o comando procura é um soldado que possui boa capacidade de decisão e cabeça fria.

"Você não quer um cabeça quente para ser um atirador de elite", diz o Atirador. Atiradores de elite devem ser capazes de agir por si só. Você tem que ser independente, sabe, de modo que quando não está com sua unidade tem que ser capaz de tomar decisões firmes por conta própria sem consultar ninguém.

O programa de Batedor Atirador de Elite dos Fuzileiros Navais é um curso de dois meses. Os estudantes têm treinamento físico e prática no estande de tiro todos os dias. Tem ainda "jogos" que ensinam as habilidades que atiradores de elite necessitam no campo. O tempo na sala de aula é utilizado para se aprender os princípios de cálculos de distância, efeitos do vento, pressão barométrica e posicionamento e táticas. No curso de dois meses os alunos se exercitam nos três componentes básicos de treinamento de atirador de elite:
-Boa pontaria

-Observação

-Tocaia
De acordo com o Atirador, "não é você ler um livro e ir fazer o serviço. Você tem que treinar sempre, e se você parar por algum tempo pode perder suas habilidades. É uma habilidade perecível". Você tem que praticar e praticar, e se você parar por algum tempo pode perder suas habilidades.